Na literatura grega Sísifo foi condenado a empurrar incessantemente uma pedra até o topo de um monte apenas para vê-la rolar até embaixo novamente, uma metáfora dolorosa para muitos trabalhos modernos: fúteis, sem esperança e repetitivos. A lenda declara que Sísifo se rebelou contra os deuses, que ele não os levou a sério e tentou roubar os seus segredos. Outra lenda traz que Sísifo conseguiu prender a morte em cadeias e que foi punido por isto por Plutão.
O momento chave no castigo de Sísifo está no instante em que a pedra rola monte abaixo e Sísifo sabe que ele deve ir atrás dela e tentar, em vão como sempre, empurrá-la para o alto do monte e além.
No final das contas, vejamos em Sísifo não a imagem da realização de um trabalho duro contínuo, cansativo e incessante, mas a de um homem alegre que reconhece que seu destino lhe pertence. Ele e somente ele pode determinar a essência da existência. Portanto, o tema não seria o homem que continua vivendo na desesperança, aceitando a finitude absoluta e transformando a vida tanto quanto lhe seja possível. Ao contrário, o tema seria então o homem que tem esperança, que se esforça e está sempre se desiludindo, que, apesar dessas reiteradas desilusões, não foge, mas recomeça sempre de novo, de modo a arrancar sempre da morte um pouco de vida. Sísimo é feliz porque descobriu o segredo da vida.
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